segunda-feira, 30 de junho de 2008

Augusta

O silêncio era sólido, invadia as narinas e os ouvidos, causava calafrios. Os saltos altos enfiaram-se na lama sem pudor e com agilidade alcançaram o carro. O cavalo, como que respeitando o silêncio, foi devagar, respirando fundo, vencendo o medo que seu instinto colocava. Ele sabia que não era hora de Dona Augusta sair. Mas nutria um sentimento de solidariedade por ela e não fez mais barulho do que o necessário. Já sabia que, se um dia retornasse àquela propriedade, sofreria as conseqüências por tê-la ajudado a fugir. Como sabia que aquilo era uma fuga? Ela não vestiria vermelho se aquela não fosse uma situação perigosa.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Helena

Helena e seus cachos amarelos, uvas amarelas do norte de algum lugar longínquo. Helena, que caçava coelhos pretos, que contava as estrelas com o dedo esticado. A menina e suas tantas vidas inventadas, vividas no pouco jardim que havia em casa. E, de vez em quando, havia também uma piscina de ondas azuis. Apenas 10 centímetros de água e um universo inteiro a ser percorrido, onde seu rabo de sereia era às vezes verde, às vezes roxo.

segunda-feira, 2 de junho de 2008


A amora crescida murchou junto às maçãs tontas.


primeira frase/verso oulipiano.