quarta-feira, 30 de maio de 2007

A melhor profissão do mundo

Ser jornalista é:

a) não ter final de semana e nem direitos trabalhistas

b) ganhar ingressos de shows e ir nas melhores festas

c) ser processado quando se está errado e quando se está certo

d) enganar as pessoas

e) lamber o cu dos anunciantes*


* anunciantes, nessa questão, não são considerados "gente".

choco choco chocolate

o medo da morte, e o choro
e a dor

oscilações de humor
e um abraço apertado

agulhas e saúde malemá
e dormir
pra esquecer das discussões
cada vez mais bestas.

o sono acaba, a cachaça atrapalha

o chocolate é o meio e o fim de todas as coisas.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Vergonha

Estou com vergonha de querer ser jornalista.

Carta para a Rede Record, sobre programa transmitido no dia 22/05/2007:

“A matéria mostrava diversas cenas de dentro da reitoria, como os alunos fazendo cartazes, com a narração do repórter acompanhando cada cena. Dentre várias imagens da ocupação, apareceu uma em que os alunos escorregavam por rampas "alagadas". A narração do repórter foi: "alunos brincam nos corredores". O fato é que aquela imagem não é da reitoria. Aquela rampa, onde os alunos de fato brincavam, está localizada no prédio de História, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. O episódio aconteceu em um dia de chuva, meses atrás, em que as aulas tiveram de ser canceladas, justamente porque as salas alagaram, atestando a estrutura deficiente do prédio.

É um absurdo que aquela cena estivesse ali, em meio a uma reportagem sobre a ocupação da reitoria. É uma prova da falta de responsabilidade e, pior, da falta de ética dos repórteres e editores envolvidos na feitura da matéria. O que resta saber é se aquela cena foi colocada ali por pura negligência, devido a não checagem de informações, ou se ela estava ali intencionalmente, numa tentativa de prejudicar a imagens dos alunos que protestam dentro da reitoria.”

Carta para a Rede Bandeirantes, sobre programa do dia 23/05/2007:

“Eu estava justamente interessada em saber como iam os protestos marcados para acontecer na Paulista. Então veio a chamada, dizendo que o helicóptero do programa estava sobrevoando a região. Os âncoras e o repórter do helicóptero começaram então uma discussão sobre o protesto, que naquele momento reunia professores, funcionários públicos e estudantes contra a emenda 3 e contra a defasagem do ensino público no Estado, entre outras coisas. O que aconteceu foi uma seqüência de palavras impensadas e desrespeitosas, além de mentirosas. Primeiro o âncora José Nello Marques perguntou quantas pistas o protesto estava ocupando. A resposta foi incorreta, porque era visível que os protestantes estavam no vão do Masp e que o carro de som estava na calçada. Era possível ver os ônibus circulando pela faixa reservada a eles, a da direita, justamente a que o repórter do helicóptero afirmou estar ocupada pelo protesto. O âncora respondeu que aquilo era um absurdo, porque a avenida é um corredor de ambulância. Mesmo que estivesse ocupando uma pista (o que não acontecia naquele momento) ainda sobrariam 3 pistas para a passagem de ambulâncias, o que torna a fala do apresentador uma insensatez, mesmo aos ouvidos mais desatentos. A âncora Silvia Vinhas completa: “É o coração da cidade!”. O que ela quis dizer com isso? Que o povo não deve protestar no “coração” da cidade?

(...)

Depois o repórter ainda completou que estava acontecendo no vão do Masp um atendimento gratuito em prevenção ao glaucoma, que teve der interrompido por causa da manifestação. Foi um problema? Sim, é claro. Mas, em vez de discutir, de questionar porque o atendimento foi interrompido, de perguntar se ele seria transferido para outro lugar ou para outro dia (prestando um serviço aos que assistiam), o âncora José Nello preferiu continuar seu impensado ataque aos protestantes: “Parabéns professores, parabéns, olha aí o que vocês fizeram, parabéns”. Essa mesma frase foi repetida diversas vezes, à exaustão. Ele ainda continuou, incentivando os professores a descerem a Rebouças em direção à USP, para que pudessem se juntar aos alunos que ocupam a Reitoria e fazer “baderna juntos”.

(...)

Ser contra a manifestação de professores, funcionários públicos e estudantes é outra, é colocar-se contra a liberdade de expressão, que é justamente o instrumento mais precioso do jornalismo. O jornalismo tem como função informar e fiscalizar o poder. Em vez de condenar os manifestantes, o povo que se levantou para lutar pelos seus direitos, seria mais ético, mais digno, discutir a razão desse levante.

(...)

Não é preciso nem condenar, nem absolver. É preciso discutir.”
Será que a vida era mais verdadeira quando não havia espelhos? Não.

Sempre estaremos rodeados de olhos.

terça-feira, 22 de maio de 2007

pontos soltos

Por tempos desejei escrever. E de repente descubro que já fui escrita, descrita, que nada há pra se fazer.


Poema em linha reta foi pra mim como um soco que não doeu. Como rancar alguns fios de cabelo. Uma dor que, se existiu, foi superada pela surpresa.


Viemos apenas olhar o campo, comer de frutos e dos homens sentir o fedor. Somos como visitas mal educadas, que não deixaram pra cagar em casa.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Título

E hoje não estou com vontade de escrever nada, só de ler. Já passei por Carlos e conheci Caio. Gosto de chamá-los assim, como se fossem amigos, ou ao menos conhecidos, como se tivéssemos cursado a mesma faculdade e trocado idéias vez ou outra.

É porque eu quero muito ser romântica que eu não consigo me completar.

Hoje não vou escrever. Vou sentar minha bunda numa cadeira vermelha furada e esperar o ônibus passar. Talvez seja melhor assim.

“Zézim, ninguém te ensinará os caminhos. Ninguém me ensinará os caminhos. Ninguém nunca me ensinou caminho nenhum, nem a você, suspeito. Avanço às cegas. Não há caminhos a serem ensinados, nem aprendidos. Na verdade, não há caminhos. E lembrei duns versos dum poeta peruano (será Vallejo? não estou certo): ‘Caminante, no hay camino. Pero el camino se hace ai anda’.”

Caio Fernando Abreu, em carta de Dezembro de 1979.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Timóteo e Altamira

Timóteo e Altamira se conheceram na Igreja de Cambuí, cidade de Minas Gerais. Ela tinha oito anos e ele doze. Timóteo era um rapazinho bem safado. Colava os olhos nas pernas gordinhas de Altamira e acompanhava os passos da menina até que o pai dela batia a porta da casa com força.

Altamira ficou mocinha com 14 anos, enquanto suas amigas todas ficaram com 12. Aquele desenvolvimento “tardio” orgulhou seu pai.
_Minha filha é moça direita! – dizia.
Logo a notícia da menstruação de Altamira se espalhou pela cidade e chegou aos ouvidos aguçados de Timóteo. O garoto, que já era homem, pensou que era tempo do primeiro passo em direção ao casório com a menina de pernas gordinhas.

O baile de Santo Antônio era uma das festas mais importantes da cidade, com dança e cantoria até quase meia-noite. Timóteo vestiu a sua melhor roupa, que era, no caso, uma calça jeans com apenas três remendos. Avistou Altamira logo da entrada. Ela usava um vestido estampado pelos joelhos, cabelos presos em grampos enferrujados. As pernas de Altamira não eram mais gordinhas, eram grossas, fortes, de mulher trabalhadeira. As ancas, perfeitas, de quem não sofrerá para parir os filhos de Timóteo.

Timóteo se aproximou. Os olhos de Altamira cresceram, os joelhos bateram-se. Ela há muito esperava por Timóteo, por seu peito peludo e por seus braços fortes. Quando ela viu os lábios do moço se abrindo, não se conteve.
Altamira saltou para Timóteo, encostando os lábios virgens nos lábios dele, que ela não sabia se eram virgens também. Foi tudo muito rápido e Timóteo não teve tempo de responder, de tomá-la nos braços e nem mesmo de notar os olhos assassinos do pai de Altamira.

O facão atravessou o salão de terra batida. O ofendido foi mais rápido que um tiro, mais rápido que águia. O sangue, que encharcou o chão, sujou o vestido estampado de Altamira. A menina, em soluços, foi arrastada pelo Pai, que a amarrou no pé da única cama que havia na casa deles.

“Em mulher minha ninguém põe a mão”.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Viva Tolkien

Morte ao Campus Malhação! Morte ao Poder!

Por que catzo inventaram o poder?

Alguém aí em cima pode explicar?

A mulher é a perdição? Uma ova. É o poder.
Viva Tolkien.

Hoje sonhei com o Diabo. É sério. E com uma ponte rosa muito alta, que me levava pruma colônia.

O Diabo queria me pegar, mas depois ele ficava legal e tirava uma foto minha. Por que escrevo Diabo com letra maiúscula?

Morte à Consciência! Sejamos fúteis! Eu quero mais é ganhar dinheiro.

Na luta.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Era

Era alta e vestia uma longa canga, que vou deixar a cor pra vocês escolherem. O seu andar era marcado por um ritmo tranqüilo e firme, pelas solas do pé que brincavam de esconder. Era morena clara, daquelas que tomaram muito sol e ficaram com pintas pelo corpo. Lindas. As pernas, as solas, as pintas.

E todo o resto. Mesmo aquilo que não pude ver. Tenho certeza de que era bela, de uma beleza recente, a de “depois dos 25”. Espero que entendam o que quero dizer. Sua beleza era não só imediata, era profunda, subcutânea, mas que de alguma forma aflorava antes que se pudesse conhecê-la melhor.

Porque nunca a conheci. Dela só sei o caminhar, os ombros estreitos. E talvez a beleza seja mesmo algo característico do momento, do relance. Ao contrário das incompletas, as coisas que não se completam são as mais belas.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

“Uma estudante de jornalismo que sonhava demais”

Já sonhei em me casar com o Tom Cruise e com o Keanu Reeves, mas com o Keanu seria pra sempre. Já sonhei em ser rica e bonita. Sonhei até com um mundo em que as pessoas não morressem de fome, em que todas as crianças tivessem brinquedo, em que não houvesse nem armas e nem dinheiro.

Eu não parei de sonhar. Mas tento sonhar com coisas possíveis. Pegar um ônibus vazio, não engordar e conseguir chegar em casa a tempo de ver aquele seriado americano.

As pessoas fúteis é que sabem viver.

Uma desculpa pra escrever

Café

Li em algum lugar que a relação que temos com o café é a mesma que temos com o sexo.


Cachaça

Representa, aqui, todas as bebidas alcoólicas. Mas cachaça é a mais romântica.


Comprimido

Tenho dor de cabeça quando tenho fome, quando fico nervosa, quando estou ansiosa, quando vou menstruar. Em média uma cartela a cada 10 dias.