sexta-feira, 11 de maio de 2007

Era

Era alta e vestia uma longa canga, que vou deixar a cor pra vocês escolherem. O seu andar era marcado por um ritmo tranqüilo e firme, pelas solas do pé que brincavam de esconder. Era morena clara, daquelas que tomaram muito sol e ficaram com pintas pelo corpo. Lindas. As pernas, as solas, as pintas.

E todo o resto. Mesmo aquilo que não pude ver. Tenho certeza de que era bela, de uma beleza recente, a de “depois dos 25”. Espero que entendam o que quero dizer. Sua beleza era não só imediata, era profunda, subcutânea, mas que de alguma forma aflorava antes que se pudesse conhecê-la melhor.

Porque nunca a conheci. Dela só sei o caminhar, os ombros estreitos. E talvez a beleza seja mesmo algo característico do momento, do relance. Ao contrário das incompletas, as coisas que não se completam são as mais belas.

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